priscilla du preez qtkpOxCpl0Y unsplash Problemas articulares em cães e gatos  

Hoje vamos falar sobre problemas articulares em cães e gatos, nomeadamente sobre osteoartrite!

O que é, quais os sinais clínicos, como prevenir, qual o maneio dos animais com osteoartrite e problemas articulares. Ao longo deste artigo vai conseguir perceber o que é a osteoartrite, como se desenvolve e o que podemos fazer para retardar a sua evolução bem como melhorar a qualidade de vida dos animais que sofrem desta doença. 

A osteoartrite, ou mais vulgarmente chamada de artroses, é uma doença muito comum e que pode estar associada a outros problemas articulares. 

Então o que é a osteoartrite? De uma forma muito simples é toda e qualquer alteração na estrutura normal da articulação. Alterações na cartilagem, cápsula articular, e de todas as estruturas que compõem a articulação. Estas alterações podem ter várias causas. São geralmente processos dolorosos e que levam à redução de atividade por parte do animal ou em casos mais graves a problemas de locomoção.

Em animais mais velhos os problemas articulares cabam por passar despercebido pelos tutores, já que os sintomas manifestados são muitas vezes associados ao envelhecimento do animal. Quantos de nós não ouvimos?… Ou mesmo já questionámos: “o meu gato já está velhote, já nem salta para as bancadas!”, ou “o meu cão já não salta para me cumprimentar”. 

Pois é! É muito comum, animais que sofrem de problemas articulares deixarem de saltar, de brincar, de correr, começam a mover-se mais lentamente e a dormir mais horas. 

É fácil de perceber o porquê destes problemas articulares não serem muitas vezes diagnosticadas. Estes sinais clínicos são esperados em animais mais velhos, mas não devem ser ignorados. No entanto, também podem aparecer em animais novos, associadas a traumas, doenças genéticas, entre outras…

Apesar de existirem estas doenças, existem também as boas notícias, há tratamentos! Embora não sejam a cura, podem ajudar no controle dos sinais clínicos e melhorar a qualidade de vida do animal. 

Portanto, apesar de não ser fácil receber a notícia de que o nosso animal está doente, pior, que é uma situação crónica sem cura, não devemos desanimar. Existem alimentações, suplementos alimentares e medicações que vão ajudar a controlar a doença

Informação é poder 

A Osteoartrite

Vamos começar por explicar de uma forma sucinta a anatomia da articulação para que seja mais fácil entender as alterações causadas pela osteoartrite.

problemas articulares em cães e gatos

A articulação normal é composta por cartilagem, osso subcondral (osso que suporta e que é essencial para a nutrição da própria cartilagem), cápsula articular, membrana sinovial, cavidade sinovial, lubrificada pelo líquido sinovial, e todos os ligamentos, e músculos associados a essa articulação.

Na imagem acima temos uma ilustração e exemplificação de algumas destas estruturas. As articulações são muitas vezes mecanismos complexos em que há um movimento de forma harmoniosa. Qualquer defeito ou alteração nesse mecanismo vai provocar um processo de osteoartrite. 

Os problemas articulares em cães e gatos, em particular a osteoartrite, são muito comuns em cães de raça grande e gigante, mas também afetam os mais pequenos.

Este problema aparece mais frequentemente em animais mais velhos mas também pode aparecer em animais novos. Nestes animais muitos desses problemas têm origem genética, ou seja, os pais já tinham as doenças ou pelo menos eram portadores dos genes da doença.

É importante referir que animais muito jovens que pratiquem desportos de alta intensidade ou que envolvam puxar objetos muito pesados também vão ter um desgaste mais rápido das suas articulações e como tal ficam muito mais propensos a problemas articulares ainda em idades jovens.

Ora então o que podemos nós, tutores, fazer para prevenir estes problemas articulares ou pelo menos adiar o avançar da doença? 

Para começar:

  • Nutrição, garantir que o nosso animal tem uma alimentação equilibrada é o primeiro passo e um dos mais importantes. Como é fácil de perceber um animal que receba todos os nutrientes que necessita vai desenvolver-se muito melhor e é, regra geral, um animal que vai ser mais saudável. Todas as estruturas e órgãos têm necessidades nutricionais específicas, se estas forem supridas as mesmas vão desenvolver-se de forma saudável e completa, se houver carências estas desenvolvem-se com alguns defeitos.
  • Exercício adequado à idade do nosso animal. Animais jovens são cheios de energia e estão sempre dispostos a mais, a mais uma corrida, a mais um salto, a mais um passeio, mas só porque eles querem não significa que é o melhor para eles. Desta forma, é importante que exercite o seu animal, eles precisam, mas que o faça de uma forma equilibrada e moderada. 
  • Tipo de piso do local onde o animal passa a maior parte do tempo. Pisos muito escorregadios levam, frequentemente, a lesões articulares e/ou musculares. Mesmo as lesões musculares podem levar a um desgaste extra das articulações. O piso deve ter aderência para que eles não escorreguem mas não deve ser abrasivo ou demasiado rijo. 
  • Suplementação adequada ao tamanho e idade do nosso animal. Como referido animais grandes e gigantes são mais propensos a problemas articulares, isto acontece devido ao peso que as articulações, ainda imaturas, têm de suportar. Para ajudar as articulações podemos dar suplementos articulares que vão ajudar a proteger a estrutura da articulação e também têm um ligeiro efeito anti-inflamatório que vai ajudar a controlar o desconforto de animais que já tenham algumas alterações estruturais nas articulações. 

É então de extrema importância que o tutor preste muita atenção ao seu animal e que ao primeiro sinal de que algo não esteja bem o leve ao veterinário para que o desgaste da articulação seja o mínimo possível.

Outra coisa que os tutores devem ter sempre em atenção aquando da aquisição de um cachorro, especialmente de raça grande ou gigante, é a história clínica dos pais e antecedentes. É possível fazer testes aos progenitores para despiste de displasia da anca e do cotovelo. Esses testes devem ser sempre vistos pelos possíveis donos de cachorros, uma vez que se os pais não tiverem qualquer grau de displasia isso reduziria as probabilidades de o filho ter a doença. Para além de que a não reprodução de cães afectados ajuda a diminuir a quantidade de cães com problemas articulares de origem genética.

Nada é 100% garantido e só porque os pais não têm displasia não quer dizer que os cachorros não possam vir a desenvolver doença articular, afinal de contas são seres vivos com um código genético único e a viver em condições diferentes. 

Os sinais mais frequentes de que algo não está bem:

  • Coxear;
  • Relutância em usar um dos membros ou em fazer um determinado movimento/exercício;
  • Um andar estranho;
  • Dificuldade em levantar-se e/ou mover-se com fluidez;
  • Mais parado que o normal ou até mesmo sem interesse em ir passear ou brincar;
  • Redução de apetite;
  • Vocalização.

Se notar algum destes sinais contacte o seu médico veterinário para que o seu animal seja visto e avaliado.

Problemas articulares em cães e gatos

Então e os gatos? Estes também sofrem de problemas articulares, embora passem mais despercebidos que em cães. 

Tal como nos cães uma alimentação de qualidade, atenção aos pisos e suplementos alimentares são a forma mais fácil de atrasar o aparecimento desta patologia e também de atrasar o desenvolvimento da mesma em animais que já a têm.

Problemas articulares em cães e gatos

Embora todos saibamos que com o envelhecer é ‘normal’ os animais ficarem mais carentes, ficarem menos ativos por haver dificuldades em iniciar atividade física, acabam por dormir mais e é aí que, infelizmente, os tutores com a ajuda do médico veterinário se apercebem dos problemas articulares, entre outros. 

No entanto, na maioria das vezes esses sinais significam que o seu animal possa estar com dor articular e consequentemente estar desconfortável. 

Há medicações, suplementos alimentares e tratamentos disponíveis hoje em dia que vão ajudar o seu animal a ter mais e melhor qualidade de vida. 

Para saber quais são as suas opções fale com o médico veterinário do seu animal para uma melhor avaliação do caso e das opções disponíveis.

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